Enchente
Corre desocupe meu olhar,
Que vem torrentes,
Já tirei todas as emoções do
Quintal da minha memória,
Encharquei retratos, cartas e presentes,
Documentos do nosso amor, de toda inglória.
Faz barreiras no seus medos,
Recolha os sentimentos do varal,
Põe na mala os segredos,
Leve tudo, não faz mal.
Não esqueça a capa,
Que cobriu sua mentira,
E ocultou sua trapaça.
Isso tudo é tormenta,
Temporal que logo passa
Cesso todo o estendal.
Aprendi desabafar,
Nem tudo é preciso confessar,
Já não morro afogada.
Hoje vago seu olhar.