Meu Fim
Odiado, pobre e só
Sôfrego digno de dó
Totalmente na pior
É assim que terminarei
Não tenho nenhuma esperança
Em ter meus sonhos de criança
Os quais trago na lembrança
Realizados, eu sei.
Não pensem que eu sou mal
Por meu dizer ser um punhal
Que entra na alma de um tal
Fazendo esse tal gemer
Quando me ponho a falar
Dos que vivem a pecar
Contra toda lei que há
Começam logo a tremer.
Sabem que não tenho pena
De quem busca entrar em cena
Agindo como uma hiena
Que mata, dilacera e ri.
Acha graça do malfeito
São tantos os seus defeitos
E tudo o que acha de jeito
Dá um jeito pra tomar pra si.
Por ser forte e destemido
Não temer nenhum perigo
E minha voz como um estampido
Pros quatro cantos voar
Os tantos que tem rabo preso
Sentem por mim grão desprezo
Desejam ver-me a esmo
Sozinho no mundo a vagar.
Bem sei são muitos; sou só.
E aqui neste cafundó
Vivo esperando o pior
Pois o bem é o que não vem
Minha luta é somente minha
Contra essa gente mesquinha
Que se juntam se apadrinham
Pra dar cabo de outro alguém.
Assim só conto comigo
Nas agruras nos perigos
Não espero por amigos
Que possam me socorrer
Tampouco tenho a ilusão
De um companheiro um irmão
Na hora da aflição
Chegar e me socorrer.
Ver as coisas como eu vejo
Velejar no mar que velejo
Transforma nossos desejos
Em fatos deveras reais
Pois só desejar é pouco
Quem quer e nada faz é louco
Vou gritar até ficar rouco
Minhas verdades cruciais.