Damas da Noite...
Admiro as Damas da Noite.
Dos segredos dos homens hipócritas que por elas apenas passam.
E as usam. E elas os guardam consigo.
E os afagam. E os consolam.
Morrem com eles. Os segredos.
Choram com eles e por eles.
Nenhum chora por elas.
E retocam o batom. E sobem no palco. E vão dançar.
Admiro a permissão delas que em nisso tudo reside.
Da sua solidão assumida. Nunca reclamada.
Por sua família... Execrada.
Das dores físicas. Das dores da alma.
Ou pensas que nas Damas da Noite
Não lhes doem a alma...?
Gosto da fortaleza das noites frias com poucas vestes.
Gosto deste "pecaminoso" desprendimento e do "estarem entregues".
Assumidamente entregues. Prefiro-as.
Às que sobem no mesmo "palco" mas "dançam" com "máscaras".
As damas da noite não as necessitam.
Estão assumidamente esperando aos seus vários homens.
Fico a imaginar a sua infância
Onde o seu caminhar apenas bifurcou.
Devem ter fotografias da infância
Perdidas à propósito nalgum lugar do seu pequeno "espaço".
No mesmo espaço onde guardam seus sonhos desfeitos
E sonhos que nunca foram vividos... E apenas não há o que esquecer.
Respeito o seu domínio sobre o homem tolo.
E a sua fé. E a sua lágrima.
Damas da noite devem guardar segredos dos quais nunca eu saberei.
Segredos do avesso escuso do homem ser.
Do homem imundo ser... Das "máscaras" e dos "palcos".
Pacientes.
Transformam suas camas em confessionários
Do mais genuíno "despir-se" do ser.
Confessam-se todos.
E saem todos sem nenhuma penitência.
A penitência é apenas delas.
A de serem...
As Damas da Noite.
Karla Mello
Fevereiro/2012