MUNDOS
I
Solidão – esse é o nome
do mundo a que pertenço.
Entre milhões, solitário,
carrego a vida in progress
e um projeto de morte.
Sem plano de vôo que o valha,
entrego-me a tal desdita
como quem se fizesse escravo.
II
No trajeto, me deparo
com seres também solitários.
Traçamos, então, paralelas
que insistimos trilhar.
Mesmo que olhares, mãos,
gozos e outras ânsias
se cruzem por linhas incertas.
(Pois solidões que se toquem
ainda serão solidões.)
III
De onde vem o solitário?
Qual a linhagem? a essência?
o ponto de interseção?
A resposta, em parte,
acaba por revelar-se
na face de cada um:
o solitário, por certo,
vem de outro mundo
– o de dentro.
O resto é só disfarce.