MUNDOS

I

Solidão – esse é o nome

do mundo a que pertenço.

Entre milhões, solitário,

carrego a vida in progress

e um projeto de morte.

Sem plano de vôo que o valha,

entrego-me a tal desdita

como quem se fizesse escravo.

II

No trajeto, me deparo

com seres também solitários.

Traçamos, então, paralelas

que insistimos trilhar.

Mesmo que olhares, mãos,

gozos e outras ânsias

se cruzem por linhas incertas.

(Pois solidões que se toquem

ainda serão solidões.)

III

De onde vem o solitário?

Qual a linhagem? a essência?

o ponto de interseção?

A resposta, em parte,

acaba por revelar-se

na face de cada um:

o solitário, por certo,

vem de outro mundo

– o de dentro.

O resto é só disfarce.

EDELSON NAGUES
Enviado por EDELSON NAGUES em 19/02/2012
Código do texto: T3507781
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