No limiar da aurora

Liberto em mim esse amor que me vem por dentro

E silencio em meus lábios as lagrimas

Que me molham os olhos e me encharca a emoção

Que trago presa em meu peito

Cerco-me de um silencio vazio

Aguardando um sono, que não vem

Enquanto a fria aurora se aproxima

Roubando-me o alivio que a noite contém

Cerco-me de palavras sombrias

Restos de um verso que deixei de escrever

Oculto nas sombras da noite

Tão sombria quanto as sombras de um amor

Que por medo de amar, deixei de viver

Deixo então de lado os papeis e a pena

E me encanto com a aurora flamejante

A colorir de rubro o azul cintilante

Como um amor que o próprio universo encena

Desfaço-me das palavras como quem não quer aprender

Restando-me apenas pensamentos que não consigo dizer

Ou fragmentos de um sonho que não quis esquecer

Silenciando palavras e despertando sentimentos

Que nesse silencio maior, não ouso querer

Encanta-me esse silencio que o pensamento me traz

Oferecendo-me sonhos que não sonho mais

Nesses pensamentos me desfaço em sentimentos

E nos sentimentos, me recolho novamente ao silencio

E finjo que meu coração, dorme em paz

E Vivo assim, entre a noite e o dia

Repleto de nostalgia e pleno de pura alegria

No limiar da tristeza, beirando a esperança

Num mundo a que já não me pertence mais a distancia

Pois que morro a cada noite e me vejo renascer assim,

A cada dia, no limiar de cada nova aurora...

E morrer... No entardecer de cada dia...

Claudio José
Enviado por Claudio José em 06/02/2012
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