DOIS CÂNTICOS

Gritavam em mim dois cânticos

um gritava alegria, outro gritava tristeza.

Cânticos de alegria tive na voz e nas mãos.

Alguns não acreditaram

fecharam-se dos pés à cabeça

para os sons dos cânticos meus.

Gritaram-me que eram mentira

e eu, para não mais feri-los,

calei no silêncio

a alegria dos cânticos meus.

Outros cânticos me nasceram

de tristeza infinita.

Também fecharam-se ouvidos

almas se fecharam inteiras.

Gritaram-me que eram mentira

e eu, para não mais feri-los,

calei no silêncio

a agonia dos cânticos meus.

Hoje, nos dias que se dobram,

calo e canto sem mais saber

se de alegria... se de agonia...

de que matéria meus cânticos são.

No crepúsculo de 02 de fevereiro de 2012.