A história de L. Coffe
O tempo apresenta-se cáustico, mas esse já é o seu costume
Nenhuma brisa, nada, apenas o antigo negrume
Velhas acácias e seus boques, na praça do duque
Tanta beleza, sempre as observava em suas turnês
Tantas e tão poucas horas, pareciam fazer sátiras
Sacrifícios, alegrias, conquistas e ira
Provou o gosto de cada um dos obstáculos
Toda essa melancolia não auxilia o espetáculo
Faz chorar a melodia, faz a tristeza voar alto...
Voltou pensamentos as seculares acácias
Ao espetáculo diário da pequena e querida praça
Deram-se inteiramente, sob forma de sombra
E abrigo, como flor, como jazigo.
Amantes nelas registraram os seus nomes
Depois foi cada um para o seu lado, pouco a pouco tudo some
Elas estiram os seus galhos
Ofertando seus abraços
Mas não conseguem tocar nada
Estendem-se parados no espaço.
Então lhe veio a intuição de fazer uma canção
Uma manira diferente de falar em solidão.
Ouviu de longe a algazarra
Mais um grande show
Sem hora pra voltar pra casa
Por certo tantos o amavam, também pediriam bis
Tentou constatar se era confortável, se ainda imaginava ser feliz.
Encarou a toda gente, tentou sentir seu coração
Não era músculo, nem batimentos, tinha ali um violão.
Nada mais importa!
Agora tem que cantar
Viver de falsos amores
De amigos que lhe servem pra gastar
Não há mais tempo para família
Quem o amou de verdade já não vê mais
Agora tanto faz se tá calor
Se tem coração, se seus sonhos são reais
Voltou-se ao salão
Aos aplausos, aos agitos
Sorriu de sua graça desgraça
De toda a ilusão
Lembrou-se das cortinas
Quando elas descem o entregam a solidão...