A história de L. Coffe

O tempo apresenta-se cáustico, mas esse já é o seu costume

Nenhuma brisa, nada, apenas o antigo negrume

Velhas acácias e seus boques, na praça do duque

Tanta beleza, sempre as observava em suas turnês

Tantas e tão poucas horas, pareciam fazer sátiras

Sacrifícios, alegrias, conquistas e ira

Provou o gosto de cada um dos obstáculos

Toda essa melancolia não auxilia o espetáculo

Faz chorar a melodia, faz a tristeza voar alto...

Voltou pensamentos as seculares acácias

Ao espetáculo diário da pequena e querida praça

Deram-se inteiramente, sob forma de sombra

E abrigo, como flor, como jazigo.

Amantes nelas registraram os seus nomes

Depois foi cada um para o seu lado, pouco a pouco tudo some

Elas estiram os seus galhos

Ofertando seus abraços

Mas não conseguem tocar nada

Estendem-se parados no espaço.

Então lhe veio a intuição de fazer uma canção

Uma manira diferente de falar em solidão.

Ouviu de longe a algazarra

Mais um grande show

Sem hora pra voltar pra casa

Por certo tantos o amavam, também pediriam bis

Tentou constatar se era confortável, se ainda imaginava ser feliz.

Encarou a toda gente, tentou sentir seu coração

Não era músculo, nem batimentos, tinha ali um violão.

Nada mais importa!

Agora tem que cantar

Viver de falsos amores

De amigos que lhe servem pra gastar

Não há mais tempo para família

Quem o amou de verdade já não vê mais

Agora tanto faz se tá calor

Se tem coração, se seus sonhos são reais

Voltou-se ao salão

Aos aplausos, aos agitos

Sorriu de sua graça desgraça

De toda a ilusão

Lembrou-se das cortinas

Quando elas descem o entregam a solidão...

Janaina Cruz
Enviado por Janaina Cruz em 02/02/2012
Código do texto: T3476387
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