Sem meu sim

Odair Dias

E como o alivio

Que vem depois do susto

A apatia que tem

Na placa do busto

Vou adiando este sim

E como o lápis que

Atrás da orelha

A precisão do ideal

Na bandeira vermelha

Sempre me sinto meio assim

E como a dor segura

Sem querer o ponteiro

O radinho de pilha

Que acompanha o porteiro

Vou ruminando esse sim

E como a verdade contida

Na ideia de Deus

Como a fe invertida

Que congregam os ateus

Quero ser livre de mim

E como a corda amarrada

O pescoço abismo

As palavras ao vento, o discurso e os ismos

Hoje acordei meio assim

E como a lua bonita

Iluminando a noite

E tantas costas marcadas

Troncos, grilhões e acoites

Vinde meu reino a mim

E como opano que fica

Entre a cela e o cavalo

O núncio do sino

O balançar do badalo

O carnaval tem seu fim

E como a mesa posta

Pronta para o jantar

As minhas asas de cera

Prontas para voar

Nem mais meu reino e pra mim

E como um passo não dado

Rumo a qualquer lugar

Acordes, vozes e versos

Discos, cantos, altar

Hoje desacordei sem meu sim

Odair Dias
Enviado por Odair Dias em 26/01/2012
Reeditado em 19/04/2013
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