Sem meu sim
Odair Dias
E como o alivio
Que vem depois do susto
A apatia que tem
Na placa do busto
Vou adiando este sim
E como o lápis que
Atrás da orelha
A precisão do ideal
Na bandeira vermelha
Sempre me sinto meio assim
E como a dor segura
Sem querer o ponteiro
O radinho de pilha
Que acompanha o porteiro
Vou ruminando esse sim
E como a verdade contida
Na ideia de Deus
Como a fe invertida
Que congregam os ateus
Quero ser livre de mim
E como a corda amarrada
O pescoço abismo
As palavras ao vento, o discurso e os ismos
Hoje acordei meio assim
E como a lua bonita
Iluminando a noite
E tantas costas marcadas
Troncos, grilhões e acoites
Vinde meu reino a mim
E como opano que fica
Entre a cela e o cavalo
O núncio do sino
O balançar do badalo
O carnaval tem seu fim
E como a mesa posta
Pronta para o jantar
As minhas asas de cera
Prontas para voar
Nem mais meu reino e pra mim
E como um passo não dado
Rumo a qualquer lugar
Acordes, vozes e versos
Discos, cantos, altar
Hoje desacordei sem meu sim