Kátharsis
Olho para você
e não lhe enxergo
Vejo em você
um reflexo inverso de mim
Sentimentos contemporanizados
em agonia profunda
A sangrar pelo tempo,
a sangrar pelo espaço,
a sangrar explicadamente...
E a manchar de DNA
um território ainda não dominado.
Olho para você por detrás de minhas lentes
Que é para enxergar melhor
E tudo que vejo são carapaças enigmáticas
Restos mortais de gestos desumanos
É impossível ver o outro
quando não nos vemos
Quando não nos percebemos...
Como posso interagir?
Se na inércia cabalística
o cântico ritual arrasta-me
vida a fora?
A hipnose do conhecimento
Em mais conhecimento, e mais leitura e silêncio
E as palavras ecoam na caverna da mente
Simbolizando tentativas de comunicação.
Quero paz
Quero apenas paz...
Não peço compreensão, aceitação,
rendição e nem
respeito
Apenas paz
Chega dessa catarse louca
de descontar tudo
na próxima criatura.
Poetize-se e liberte sua alma
Do cárcere da razão.
Sinta.
Mas não racionalize...
Apenas sinta e
se não puder conviver
escolha quais sentimentos
merecem sobreviver...
Apenas isso.
Seletivo e mortal.
Catártico e sincero.