Kátharsis

Olho para você

e não lhe enxergo

Vejo em você

um reflexo inverso de mim

Sentimentos contemporanizados

em agonia profunda

A sangrar pelo tempo,

a sangrar pelo espaço,

a sangrar explicadamente...

E a manchar de DNA

um território ainda não dominado.

Olho para você por detrás de minhas lentes

Que é para enxergar melhor

E tudo que vejo são carapaças enigmáticas

Restos mortais de gestos desumanos

É impossível ver o outro

quando não nos vemos

Quando não nos percebemos...

Como posso interagir?

Se na inércia cabalística

o cântico ritual arrasta-me

vida a fora?

A hipnose do conhecimento

Em mais conhecimento, e mais leitura e silêncio

E as palavras ecoam na caverna da mente

Simbolizando tentativas de comunicação.

Quero paz

Quero apenas paz...

Não peço compreensão, aceitação,

rendição e nem

respeito

Apenas paz

Chega dessa catarse louca

de descontar tudo

na próxima criatura.

Poetize-se e liberte sua alma

Do cárcere da razão.

Sinta.

Mas não racionalize...

Apenas sinta e

se não puder conviver

escolha quais sentimentos

merecem sobreviver...

Apenas isso.

Seletivo e mortal.

Catártico e sincero.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 25/01/2012
Código do texto: T3460371
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