Estou voando sem asas...
Estou voando sem asas; onde cair, eu fico.
Estou andando descalço, pois, onde eu piso, eu me machuco.
Minha mente esta num lar sem endereço, sempseudônimo.
Minha fé esta num vidro trancado junto aos anseios e receios.
Às vezes me permito refletir e ver que a esperança é apenas para os privilegiados,
E para nós, que não sentimos nada, apenas o vazio nos completa,
Como se o vazio fosse nossa coberta e o travesseiro nossa escuridão.
Às vezes andamos, mas como se estivéssemos no automático.
Às vezes acordamos, mas com vontade de ficar recobertos por aquilo que nos acoberta do mundo.
Olho ao redor à procura de uma estrada, mas encontro apenas o caminho do não-reencontro.
Recebro minhas vistas, minhas vísceras, meus sentidos.
Estou mesmo só, e isso é fácil de notar.
Já esse vazio... Não sou o único a sentir; eu sei.
Todos sentimos, todos estamos sós,
Voando sem asas, caindo sem paraquedas, sozinhos de mãos dadas,
De mãos atadas, de mãos cerradas,
Em meio ao nada. Em meio ao nada.
Renato F. Marques