Madrugada de domingo

Na madrugada de domingo, o tempo é morto

O espaço da sala neutro, os móveis indiferentes,

Esquecidos de si, em si, de mim.

Na madrugada de domingo, o ar pesa.

Ele pouco se move: anulação do sentido do olfato.

A pouca luz, iluminação preguiçosa ameaça a visão.

Na madrugada de domingo, não é preciso contar

Que a falta do que ouvir, do que tocar, do que provar,

Quando em sucessão, é a contagem regressiva

De tornar-me, eu mesmo, uma madrugada de domingo.

Nessas horas, já não há mais horas. Já não há mais ninguém,

Já não há mais esse alguém que responde pelo meu nome.

Mas e isso que nessa madrugada impregna? O que é isso que vê

nessa madrugada a brecha para contaminar minha semana?

BHChads
Enviado por BHChads em 08/01/2012
Código do texto: T3428623
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