DOS DIAS QUE PASSAM
E eles passam,
Passam sem que eu veja,
Não passam devagar.
E como em um minuto, vejo outro dia nascer.
Enquanto conto meus sonhos,
Para um maço de cigarros,
Beijo a borda de um copo de um whisky barato.
Os outros se foram,
Meus amigos,
Nem sei onde andam,
Como se chamam,
Me esqueço a cada dia de seus rostos.
Acontece, é que, não estou sozinho,
As lembranças de quem eu fui, e sou,
Me cercam, me acompanham,
E me impedem de ser mais afável,
E reatar laços antigos,
Dos quais sinto nostalgia.
O culpado sempre sou eu,
Pelo que aconteceu,
Acontece, acontecerá,
E até mesmo o que deixará de acontecer,
Por me julgar superior,
Eu, um telespectador,
Exime da vida que passa diante de mim.