Aflito.
De fato, até que ponto pode o nada me restabelecer?
Até que ponto pode a ventura de brisas mais frescas dominar esse meu tédio e solidão?
É como se estivesse eu, ali, sob as ignomínias do crucifixo, e – ah! Minhas tendências ao drama...
Confesso por vezes não deter os meus anseios pueris, nem suportá-los em tantas.
Assim é que quase sempre o indomável destino nos confere, à carapuça que nos serve,
Suas insígnias, seus derradeiros motivos de ser.
É por isso que me aflijo, sabe?! Essa insegurança em pleno porto suave, em pleno paz de Estado.
Devo eu ser errado, por me sentir assim, aflito?
Eis que uma lágrima me cai dos olhos, e, junto com ela, toda esta pena concreta e desvalida, de si mesmo, se esvai.
Meu amigo Julio tinha razão em seus conselhos mais infames - “Se queres ser feliz como dizes, não poetiza, animal, não poetiza" -, os quais não pude seguir.
Já que meus dedos não me deixaram ser feliz, meus dedos caretas, patéticos relatam a soberania de um solitário.
Solidifico meu sacrifício por ser crucificado pelos meus atos dramáticos, mas isso apenas pondera meu estado aflito.
Pudera-me dizer que estou feliz, mas estaria enganando meus dizeres. Maus dizeres, eu que me engano dizendo...
Se por vir, enfim, um fim, quais meus fins, será? A aflição?
Finito meus dizeres em forma pré-histórica, conflito meus egos insatisfatórios de palcos contraditórios.
Meu auditório são minhas agonias dramáticas estabelecidas pelos meus olhares aflitos.
Afligem, então, meu ego e meu elo de que minhas aflições fazem parte apenas de conflitos à procura do meu próprio eu.
Já que eu não sei nada, apenas me aflito.