Espelho
E assim, entre subterfúgios, me calo.
O espelho me revela - em meio ao caos e ao cotidiano - a cinza imagem
[de um velho feito de passado e de turvas ilusões.
Achava-me pela manhã a caminhar e observava a cidade que se apresentava
[arrogante e orgulhosa – me fiz em lágrima.
Meus lábios se oprimiam – o tempo parada entre os dentes - e tudo em mim
[é feito de instante e de pessoas vazias como eu.
E assim o tempo – é em mim a realidade uma mescla de sonhos – me ensinou
[o excesso como complemento do vazio – me fiz em medo.
Meus olhos se oprimiam – ciciava-me a noite o amanhã – e sobre a rua
os gritos, os carros, as pessoas, a cidade – me fiz em caminhada e por onde passo é adeus.