POR UM FIO

O novelo

Uma ponta solta

Puxo o fio

Memória a desenrolar

Ouço cicios

De coisas que moram cá...

Ignoro-os

Continuo a puxar

Esse fio de tênue lembrar.

Quantos ais

Suspiros

Ralhar

Não paro

Continuo a desenrolar

O trançado novelo

Cheirando a avenca.

Estico-o sem vagar

Com pesar

A força o faz vibrar

Acelero a “puxação”

Que acelera a pulsação.

Vem a rendição

Paro de puxar

Morte ao novelo!

O que resta?

Apenas fios soltos

Sobrepostos, amontoados

Começo a chorar

Memórias em águas

Fria, finda.

Clama por flambar.

Olho o ninho

Monturo de fios

Procuro a ponta

Que se perdeu

No tempo meu.

E noutro tempo

A ponta me aponta.

Encontra-me

e ordena novo fiar.

Obedeço!

Reúno os fios em desalinho.

Ajunto, alinho, aninho...

Faço um manto.

E visto minha imensa solidão.

Suerdes Viana
Enviado por Suerdes Viana em 18/12/2011
Reeditado em 18/12/2011
Código do texto: T3394408
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