Meu veneno

Uso pra matar a solidão que me consome,

A angustia cruel do dia-a-dia,

Toda a dor e a melancolia queimando aos poucos,

Transformando todos esses sentimentos em cinzas.

Quero sair mundo a fora, e ao mesmo tempo nem sair de casa,

Morrer de amor, e não amar nada,

Viver intensamente e ao mesmo tempo ficar tranqüilo,

Lembrar-te com carinho, e esquecer-te com raiva.

Saio por ai destilando meu veneno,

Pra esquecer de tudo,

Pra não ficar sozinho,

Com ele ao menos sinto que tenho um pouco de carinho.

Talvez queira matar com ele o que ainda me resta de humano,

Ou talvez acabar com a vida e passar para um próximo plano.

O meu destino anda meio sem sorte.

E tem algo mais parecido com o amor do que a morte?

Sei que sou senhor do meu destino,

Portanto sou eu quem decido,

Largo dele e vivo mesmo morto por dentro?

Ou morro aos poucos vivendo intensamente cada momento?