Da solidão
Você tirou o meu céu, me deixou sem horizontes,
Sem estradas para seguir os sonhos que sonhei.
Apagou os rastros que deixei para poder voltar,
Calcou em minha face solidas marcas de tristeza
Que se fizeram caminhos de lágrimas em meu rosto,
Como se fossem, nos traços finos da tristeza, fontes
A jorrar tormentosas tempestades de prantos.
Ah! Esses meus olhos, agora brilhantes e tristes!
Esses meus olhos que me deixam calmamente
A alma vadiar no vazio denso e amorfo de um tempo
Disforme pela tão intensa densidade da solidão
Que me sangra a carne, me fere o peito e grita
Que de dentro de mim, ela tomará conta de mim.
Como se eu agora fosse apenas... dela.
Desesperado corro entre meus sonhos e desejos,
Corro entre minhas vontades que se foram
Quando se foram também meus horizontes,
Corro atras do vento que levou minhas palavras,
Corro atras do tempo que levou meus trinta anos
Corro atras de mim que já nem sei quem sou
Corro... como se a solidão não estivesse onde estou.