Neve Primaveril

Os beijos curtos e tímidos

Que se aventuram à beira do abismo

O carinho que me testa a paciência

Declarações lançadas com imprudência

Tolo! Porque deixou-se cativar?

Não tens o direito de lançar em meu colo

A culpa das algemas que criaste para si

Dizendo ser “minha a obra”

Quando as mostra para mim.

Uma dependência afetiva

Tardia, e nociva

Esqueci dos ferimentos

Com outras palavras.

Mergulhando em cada livro

Escondendo-me entre as páginas

Correndo entre os parágrafos

Despistando a dor

Fugindo entre os versos

De mãos dadas com o Autor.

Porém as asas e auréola celestial

Perdi, já não as possuo

Somente a sombra e o vapor lucífero

Restou-me de tudo.

Mereces muito mais

Que um coração cristalizado

Petrificado o desgraçado

Amontoado com gelo

E papéis postos por todos os lados.

Não espero o dia, e sei que este não é agora.

Que alguém o descongelará

E tal dia, pouco me importa.

Gizely Amorim
Enviado por Gizely Amorim em 06/12/2011
Reeditado em 06/12/2011
Código do texto: T3374911
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