Ao relento

O barco segue para o norte,

na bússola de um infinito destino,

rumando contra as correntes da sorte,

conduzindo esse coração clandestino...

.

As luzes do dia apagam-se no horizonte,

cedem à noite a cor que tinge o céu de escuridão,

os vaga-lumes escondem-se sob a ponte,

lançando esse sentimento à solidão...

.

Tantas vezes sentado à mesa com pena e nanquim,

olhando uma folha em branco de expressões,

esperando a cura para que a dor chegasse ao fim,

vivendo de vãs esperanças e longas depressões...

.

Entre tropeços e passos indecisos no tortuoso caminho,

um sorriso alentou meus delírios febris de saudade,

tateando como um cego em busca de carinho,

traindo por meu próprio medo meu dever de lealdade...

.

Ao relento de uma lágrima que congela no meu rosto,

a tristeza percorre os trilhos da resignação,

como um soldado em contínua guarda de seu posto,

cumprindo uma pena eterna sem libertação...