RANCHINHO DA SOLIDÃO

Ranchinho, que num distante passado construí,
minha habitação, daquele mundo que fugi,
faz tantos anos, e junto ainda estamos...
Deve ter ouvido, o que em sonhos falei,
participou de tudo, do que um dia sonhei,
mas foi só eu, juntos nunca choramos.

Te olhando aqui de longe, belo ranchinho,
que inúmeras vezes, te abracei com carinho,
voce, por tanto tempo, em silêncio me acolheu...
Casebre de sapé,verdadeira jóia da natureza,
amigo de tantas noites, recebendo minha tristeza,
quantas vezes, minha amargura não percebeu?

Te chamava de meu rancho dos ventos uivantes,
e recordo, que em meus desesperados instantes,
que tive vontade de sumir, e de derrubar...
Mas não pude fazer isso, com minha habitação,
que já abrigava a tempos, a minha solidão,
e hoje, não penso mais, em de voce separar...

Ranchinho, aqui dessa nossa terra do sem fim,
só mesmo eu, que vejo o seu belo jardim,
nem voce, nem eu, por mais ninguem espera...
Sua plaquinha está velha-Meu Rancho da Solidão,
que tem por companhia um sofrido coração,
mas estamos juntos, em nossa eterna primavera.

Nossa montanha, nunca foi muito quieta,
por que esse eremita, que também é um poeta,
não vive tão só, nunca viveu tão sozinho...
Tem  companheiras, que na madrugada vai ve las,
no silêncio das noites, ele fala com as estrelas,
e no amanhecer, já ouve o canto do passarinho.

Ranchinho, que tem na base fraca estrutura,
acredito que te mantém firme é minha ternura,
sinto que tem afinidades, com seu morador...
Previlegiados, temos aqui de cima, bela paisagem,
que envia me sempre, numa eterna viagem,
que vai ao encontro de uma saudade, de um amor.

Meu ranchinho, como disse, coberto de sapé,
abriga o solitário ermitão, que jovem não é,
as vezes penso que ele e coberto de ilusão...
O que vê ao te olhar,com ternura o eremita,
que cuida do jardim, e retira seu parasita,
para que percebemos menos, a escuridão.

Ranchinho, tão solitário, aqui no cume da serra,
enfeita a paisagem, trás vida para essa terra,
e quem te habita, vive numa louca aventura...
Onde só o verde das árvores reina no arrebol,
mas temos a bela visita dos raios do sol,
e o ocaso, que torna menor, minha amargura....
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 25/11/2011
Código do texto: T3356625
Classificação de conteúdo: seguro