O Entendiado.
Deitou-se sem saber se acordaria.
Levantou-se sem saber o que faria.
Era o próprio tédio em pessoa.
Era a própria pessoa entediada.
Vasculhava gavetas e armários, mas só achava o vazio.
Arrumava algo para fazer, mas tudo já estava feito.
Deitava para tentar dormir para o tempo passar, mas não conseguia.
Era o efeito da cafeína, era a Dona Insônia que passava aspirador na matina.
Ligou o som, só que as músicas não sintonizavam, apenas chiava com seus argumentos.
Olhava ao espelho e os espelhos o olhavam, mas nada lhe resolvia, apenas o irritava.
Pulava, puxava o cabelo, babava no travesseiro, mas nada passava.
Renato F. Marques