Na masmorra do meu coração
Estou com frio, me aqueça
Está escuro, cheira mal e não consigo dormir
Não sei se é dia ou se é noite
Estou sangrando pelos açoites, não me posso suprir
Ouço passos do outro lado da porta
Chegam perto e se vão à outra direção
Não sei onde me encontro, ‘stá frio, medo, escuro
E eu te conjuro, salva meu coração
Sinto umas gotas caindo sobre mim
Parece água, mas não cheira tão bem
Hum! Tem gosto de sangue, sangue?
Acima de mim, sangra alguém?
Faz-se triste meu negro leito
Ameaçador e também surreal
Nada mais faz sentido sem poder te abraçar
Não mais, não... Eu ‘stou angustiado, estou mal
Clau... sura é minha sina sem ter teus carinhos
Dia a dia nessa amarga solidão
Te buscando nas minhas loucuras, cheio de agruras
Amo, amo-te com tanta devoção
Acho que estou no profundo da terra
Creio que deve ser em algum porão
Sem janelas, apenas a porta por onde entra o carrasco
Na masmorra do meu coração
Acho que estou me esvaindo aos poucos
O sol já não faz sentido
Nem a lua, nem as estrelas
Nada mais alumia
A vida se tornou vazia
Eu me tornei uma besta enjaulada
Certamente que não correras em meu socorro
E dessa vida morro aos poucos, com a’lma por teu amor enclausurada
"Nessa poesia eu desenho o nome da alma que amo. Evidentemente, de forma bem velada, mas creio que há quem perceba. É como o suicida que deixa sinais de sua loucura anunciando e pedindo ajuda. Aqui retrato o que sinto e numa estrofe eu dou a síntese da minha ânsia de amar"