“Jaz um homem vazio, cheio de saudades”
Chora céu, chora....
Derrame suas lágrimas sobre meu túmulo frio e petrificado
Derrame-se sobre mim, meu corpo inacabado
Molha as raízes das ervas, das flores sobre a tumba solitária
Chora céu, chore, pois só tu me podes entender agora
Na vida ninguém me pôde, por isso fui embora
Reclames que teu poeta morrera, que se perdera
Chores, mas chores, agora
Faz frio aqui, mas sinto acalentado o coração
Acabou-se as agruras da minha finita vida
E de uma forma doce, não menos dorida
Não acabou aqui a solidão
Saudades da amada que me rejeitara
Da versada mulher que meu peito amara
Sou tristonho e falho, pequeno e sozinho
Sou o pó que agora alimenta os vermes da terra
Sou rechaçado, fracassado, morto poeta
Alguém que viveu e morreu sem carinho
Cantes, oh! Céus... cantes
Não te detenhas a cantar em belo alarido
Se a dor é tamanha e se minha alma inverna
No verão a paixão foi quimera, meu amor foi florido
Cantes, estrelas, dance...
Deixa-me contemplar da sepultura a tua felicidade
Nada fui e nada tive na vida
E uma alma bandida roubara minha felicidade
A minha alma está em frangalhos
Meus horizontes não se fazem distintos
Os cardeais estão desconexos
E na falta de amplexos
Rejeitado repouso numa lânguida vontade
Na minha lápide deixes escrito, para todo o infinito:
“Jaz um homem vazio, cheio de saudades”