“Jaz um homem vazio, cheio de saudades”

Chora céu, chora....

Derrame suas lágrimas sobre meu túmulo frio e petrificado

Derrame-se sobre mim, meu corpo inacabado

Molha as raízes das ervas, das flores sobre a tumba solitária

Chora céu, chore, pois só tu me podes entender agora

Na vida ninguém me pôde, por isso fui embora

Reclames que teu poeta morrera, que se perdera

Chores, mas chores, agora

Faz frio aqui, mas sinto acalentado o coração

Acabou-se as agruras da minha finita vida

E de uma forma doce, não menos dorida

Não acabou aqui a solidão

Saudades da amada que me rejeitara

Da versada mulher que meu peito amara

Sou tristonho e falho, pequeno e sozinho

Sou o pó que agora alimenta os vermes da terra

Sou rechaçado, fracassado, morto poeta

Alguém que viveu e morreu sem carinho

Cantes, oh! Céus... cantes

Não te detenhas a cantar em belo alarido

Se a dor é tamanha e se minha alma inverna

No verão a paixão foi quimera, meu amor foi florido

Cantes, estrelas, dance...

Deixa-me contemplar da sepultura a tua felicidade

Nada fui e nada tive na vida

E uma alma bandida roubara minha felicidade

A minha alma está em frangalhos

Meus horizontes não se fazem distintos

Os cardeais estão desconexos

E na falta de amplexos

Rejeitado repouso numa lânguida vontade

Na minha lápide deixes escrito, para todo o infinito:

“Jaz um homem vazio, cheio de saudades”

FidelisF
Enviado por FidelisF em 09/11/2011
Reeditado em 22/11/2011
Código do texto: T3327118
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