Perdoa

Perdoa por eu ser assim, tão imperfeito.

Por não conseguir tirar o máximo proveito que minha profissão permite,

Pela falta de ambição,

Por todas as escolhas sistematicamente equivocadas

Que somente me dão muito trabalho,

Para tão pouco sustento

Desculpa não é motivo para não fazer

É desejo sincero

De alguém que fugiu, talvez até sem querer,

Dos padrões cartesianos do mundo

Não queria me apoiar nos teus ombros práticos

Eles não deveriam carregar meus sonhos loucos

Fardos indesejáveis.

Deveria fazer diferente, eu sei

Vender a dignidade de ser quem sou por tostões a mais

Mas as pessoas me distraem,

As flores me distraem,

A mais simples brisa me leva para longe,

Para mundos que não existem,

Sem que eu possa evitar.

E paro no meio do caminho para contemplar a beleza,

Colher um instante que não cabe nos bolsos,

Que não plantei nem colhi,

Mas é presente que já vem aberto

Sem rótulos,

Grife divina que César não pode conquistar nem com todo o seu ouro.

Distrações nada afáveis ao senso moderno da conquista

Porque nada custam senão o olhar

Me fazem esquecer daquela conta,

Daqueles bens,

Daqueles sonhos que alguém no mundo criou para mim

Não exatamente para mim,

Mas para me vender.

Vem ver:

A flor finalmente se abriu à contemplação

Seu cheiro tomou conta do jardim logo no primeiro orvalho da manhã

Coloquei as mãos nos bolsos

Olhe!!!!

Continuam vazios

Marcelo FAS
Enviado por Marcelo FAS em 09/11/2011
Reeditado em 09/11/2011
Código do texto: T3326487
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