Permito Refletir Sobre Meu Vazio.
Permito refletir sobre meu vazio, embora meu copo esteja na minha cômoda.
Sou cheio, mas, de que adianta ser cheio, se não vejo alguém para oferecer?
Gostaria de uma água? Beba da minha água, só não coma do meu pão vazio.
Vejo, em meu guarda-roupa, um monte de roupas para doar, mas vejo que a nenhum corpo servirá.
Então, deixo a roupa empoeirada, pois o tempo há de passar.
Passa-se o tempo, perde-se a roupa. E agora, ninguém mais vestirá?
Há mesmo tanta dessemelhança entre os corpos que habitam este chão,
Ou é só desinteressa por aquilo que um dia foi meu?
Meu corpo; minhas roupas; minha pele, que é roupa; meus pensamentos;
Tudo se vai, e tudo por lá fica.
Sem um destino, afinal, para quê me serve a existência?
Para quê me serve o pensar, e para quê me serve a poesia?