O caminho trilhado

O beijo que melhor casa com o meu

é aquele que nunca mais terei

A guitarra branca...

O tênis branco...

As garrafas de cerveja derrubadas...

Todos os flashes que me fazem querer fugir

para longe dessa angiogênese

desejosa em me aprisionar entre seus vasos letais.

A vida continua correndo sem medo da colisão.

Apesar de já estarmos longe das cores ilusórias,

ainda temos pressa em chegar ao silêncio.

Pressa em ser sedada,

em ser dopada para esquecer sua existência.

A exaustão da busca de seus olhos de águas tranquilas em cada rosto.

Fontes onde pode embriagar-se sem medo de se afogar.

Uma procura infindável em meio ao nada

Rumo à coisa nenhuma.

Nessa abstinência que me faz cair no fundo de cada copo que esvazio.

Medos me isolam num doloroso exílio.

Pois é tolice pensar que o caminho uma vez trilhado pode ser refeito.

A vida ainda corre desenfreada, entre copos de café e garrafas de vinho.

Atropelando lembranças, mesmo em sua pressa também reflete,

apesar da chuva não molhar mais seu corpo imune à exaustão.

É tolice pensar no retorno por um caminho já trilhado

por mais convidativo que seja.

Por mais que o azul sorria e o sol tenha evaporado as lágrimas da chuva.

Há novos erros a serem cometidos,

onde o desapego é essencial.

Em dezembro de 2009

Gizely Amorim
Enviado por Gizely Amorim em 23/10/2011
Código do texto: T3293379
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