Solidão a dois

 
 
Palavras faladas, ouvidos cerrados;
Gritos desvairados, silêncio aterrador;
Olhar que clama, olhos paralisados;
Sentimentos aflorados, visível torpor. 

 
Angústia estampada, alma encarcerada,
que ansiosamente deseja mostrar-se,  
e, para ir além do que foi projetada, 
insiste em querer diante de ti desnudar-se  
 
Com toda sua infinitude negada,  
sem acolhimento e sem atenção,
ausenta-se cabisbaixa da gélida muralha 
seguindo sua sina de eterna ilusão. 
 
Repetindo incançável, tenta mais uma vez  
que o seu silêncio se faça alvoredo,  
mas sem nenhum sinal de sensatez,
sente-se cambalear diante de um rochedo.
 
Cada tentativa, alma desfalecida ao final, 
encerra-se em si mesma, uma imensa solidão,
sabe ela que a cada ensejo, como uma rival 
será acolhida sem dó nem compaixão
 
Passam-se os anos e numa eterna luta,
pergunta a alma sem desanimar: 
até quando clamar, se não me escutas?
Só uma coisa é certa, não descansarei até que eu aprenda de direção mudar.
 


Maria Celene Almeida
Enviado por Maria Celene Almeida em 22/10/2011
Reeditado em 15/03/2012
Código do texto: T3292066
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