::: LÁGRIMA DA MADRUGADA :::

Calei os meus guerreiros e morri em guerra.

Calei os meus sonhos e agonizei no pesadelo.

Calei minha coragem e apodreci no medo!

Na estérea chama noturna eu vivo

As lágrimas secretas e solitárias.

Minha alma que geme, atordoa o grito

Com que a dor no meu peito brada.

Quando meus amantes são os meus livros

De um sorriso sinto falta.

Arranque, peço-vos, de mim isto,

Esta solidão que meu ser maltrata.

Arranque, imploro-vos, de mim isto,

Esta duvida que meu verso mata.

Quando tenho na face o pranto oprimido

Escondo-o em vazias risadas.

Absorto no meu próprio castigo

Entendo que tudo para mim é o nada.

Seco nos lábios tenho o vinho

E sufocante no peito a lágrima.

Os meus versos estão doentes

Ao deitar no sereno da madrugada.

Não há bebida que me tire o fato

De que amar não requer razão.

Mas onde está o anjo do meu peito vago

Do qual clamo com tamanha devoção?

Que arranque de mim os versos opacos

E ponha uma legítima inspiração.

Coloque no meu peito versos amados

E calai a lacrimal solidão.

SP 21/10/11

Ygor Pierry
Enviado por Ygor Pierry em 21/10/2011
Código do texto: T3289743
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