O buraco

Quem olha de cima, nada vê

Senão apenas um buraco cheio de vazio

Um vácuo terroso, no meio do nada

Onde qualquer um pode cair

Como se fosse uma armadilha

Armada por alguém sem malicia

Sem interesse em prejudicar

Quem quer que fosse

Um buraco inerte, escuro, frio

Cavado na terra seca

Sob um sol escaldantemente vulgar

A esquentar o que sobrou de matéria

Em seu fundo, um mundo

Construído com o silencio da serenidade

Que paira perene e suave

Pela espaço não preenchido

Nas bordas, rastros

Como se alguém quisesse ter pulado

Para dentro de seu mistério

Para fora de sua existência

Sobre ele, pássaros voam

Em movimentos circulares perfeitos

Em seus anseios instintivos

De cavar um ninho que lhes traga paz

Sob ele, só terra, e mais terra

Metros de pedras e minérios

Preciosa profundidade que se estende

Ao centro terrestre do abismo universal

Ao seu redor, muita terra

E uma extensão quase infinita

Que se perde em todas as direções

Em busca de um só lugar

Um buraco

Sozinho, estático, eterno

Como o sentimento que não perdura

Pela falta de outro a lhe preencher

Eder Ferreira
Enviado por Eder Ferreira em 19/10/2011
Código do texto: T3286014
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