AMOR EM DESCOMPASSO
Não desejo imolar minhas vontades
Nem amolar as garras de meus medos
Talvez apenas seguir sucintamente
Pelos caminhos do que me seja temporal
E ao atemporal deixo meu querer como legado
Pois sei não ter atingido o escopo de meu querer
E meu querer nem sempre está disponível a mim
Talvez eu seja mesmo um sujeito insípido por demais
Mas sei que em meu coração está você ínsita
E pelo tempo a corroer lentamente esse espaço
Noto a angústia da areia envolta pela ampulheta
E sou como o vácuo existente em todo o espaço
Tento loucamente focar-me em tua liberdade
Mas torno-me prisioneiro desse meu intento
Vã é a vontade de digerir essa ausência de ti
Como querer impedir o ciclo natural das coisas
Tenho que me centrar em minha sólida solidão
Nessa aurora boreal de meu gélido pólo pessoal
Mesmo ante a beleza infinda de tuas solenes cores
E entender esse amor mesmo que em descompasso
Indiferentes as minhas idiotas e incautas polissemias
Mas não há como arrancar de mim esse meu ciúme
Visceralmente acoplado a tudo que me lembre á ti
Num constante eco da necessidade de contigo interagir
Numa valsa solitária onde tropeço em meus próprios passos
E a orquestra é formada pelo silêncio dessa cruel distância
Dessa ânsia louca por um microssegundo de teu falar
De adentrar teu microcosmo até então fundir-se a ti
E assim criar através desse elo um novo e intimo universo