ll. AcenDaM aS LuZeS .ll
Pulei naquele abismo
Que abriu-se sob meus pés...
Despi meu corpo tão frágil
Para amar aquele corpo tão forte
Mas minha sorte, enfim, foi perder...
E perco a cada palavra dita,
A cada lágrima contrita
Que derramo ao escrever...
Acendam as luzes,
Ando entre espadas e cruzes
Carregando um inferno nos ombros...
Tenho pregos quentes nos pulsos,
Nós na garganta a apertar
E tanta desilusão
Que não os posso versar...
Há negra noite ao redor
E de tudo, é ainda pior
Tal perfume de morte no ar...
Acendam as luzes,
Estou refém dos abusos
Que causei à minha alma,
Estou amarrada à lama
De minha própria decrepitude...
Jamais poderia amar-te,
Jamais poderia entregar-te
Meu corpo tão livre de mácula...
Permiti que foste meu prazer,
Agora és meu perecer...
E é tal decremento
O maior arrependimento
Que eu poderia conter...
Vivo a condenação
De ver somente a escuridão
À qual eu mesma dei vida.
Pago a sentença tecida
Tateando a reprovação
Que grita em eco dentro de mim...
Acendam as luzes
Tenham piedade desta alma cansada
Ouçam a oração entrecortada
Que convulsivamente se repete...
Vejam a monstruosidade que se reflete
Na cristalina água do lago da vida...
Acendam as luzes
Silenciem meus pecados,
Meus enfados, minha ruína
Perdoem esta pobre menina
Que com a vida jogou dados...