UM GRITO NO VAZIO
No paraíso, na selva de pedra,
No silencio da penumbra sombria,
Parasitava em meus devaneios
Olhando aquela noite fria
Somente o canto da coruja ouvia.
Hruuu, hruuu, hruuu,
E meu coração com vontade de gritar,
Mas neste silencio medonho
Meu grito não ecoava,
No interior de meu cativeiro
Em meu peito sufocava
Ouvia-se um chilrar de um som estranho.
Na penumbra das zero horas
Eu queria ao mundo gritar,
Mas minha voz emudeceu
Paralisando todo meu eu
No silencio deste lugar.
E a coruja e sua sinfonia
Hruuu, hruuu, hruuu,
Olhei pela fresta da janela,
Nada vi, pois a penumbra era imensa
A voz não saia, para então poder gritar
De repente não sei como
Soltei meu grito, porem no vazio.
Se misturando aos outros sons
De corujas, sapos e grilos
Mas na imensidão da penumbra
Meu grito não pode ecoar,
E eu adormeci neste vazio
Tentando ao mundo inteiro gritar.
J. Coelho