Memória Ébria
 
À noite, quando as minhas mãos
Passeiam por sobre os teclados
Negros, os meus nervos sãos
Já estão um tanto desafinados!
 
Cansado de tanto digitar palavras
Soltas ou agregadas - uma piada,
Um nada no cérebro - as escravas
Sempre me servem de tudo ou nada!
 
É madrugada, não durmo, escrevo...
Sou o próprio mistério do inferno...
Ululante censor variante, o trevo;
Encruzilhada entre vida e eterno.
 
O homem que nasce como larvas
Também voa após sair da casca...
A mãe que lhe manda às favas
Brava, às vezes chora, mas pasta!
 
Não é à toa que o pensamento
Quando distante, voa por espaços
Incontinentes, sem firmamento...
Voos no escuro; sem compassos.
 
O que é vida para quem morre agora?
Um hoje que nunca verá o amanhã...
Inda mais sem completar a aurora...
Fique mais, eu serei o seu Jaçanã!
 
Ébrio de sono, arrio a cabeça
Sobre a miséria que me passa
Na minha memória ébria; esqueça!
Não sou eu quem fala, é a taça!
Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 07/10/2011
Reeditado em 27/07/2013
Código do texto: T3262337
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