À mim
À mim, é homem e me falta braços, pedidos e sonhos,
a aurora, incansavelmente, murmurava o silêncio e a distância.
Entre os dentes – é grito –, me calo, é dor, projeto inacabado,
e, só, me acabo, deixe que a noite me apanhe, no colo de João ou de Maria.
Deite, é tarde e o desejo nos ilumina, na noite e no presente.
À mim, na noite, me perco, me acho, me reacho, rente a mim,
é homem e me falta abraço. É noite, e o amanhã me lambe a face
é além, eterno. E o silêncio é a melhor resposta ao adeus.