À mim

À mim, é homem e me falta braços, pedidos e sonhos,

a aurora, incansavelmente, murmurava o silêncio e a distância.

Entre os dentes – é grito –, me calo, é dor, projeto inacabado,

e, só, me acabo, deixe que a noite me apanhe, no colo de João ou de Maria.

Deite, é tarde e o desejo nos ilumina, na noite e no presente.

À mim, na noite, me perco, me acho, me reacho, rente a mim,

é homem e me falta abraço. É noite, e o amanhã me lambe a face

é além, eterno. E o silêncio é a melhor resposta ao adeus.

Gabriel Furquim
Enviado por Gabriel Furquim em 30/09/2011
Código do texto: T3249264
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