Segunda-feira

Triste manhã de segunda

Paisagem ocre e castanha

Na infernal e seca Goiânia.

Caminhando de forma pesada

No meu ritmo cansado

Eu observo o horizonte cinzento

Fecho os olhos e tento

Ouvir os sons do cerrado.

Com isso, objetivo

Realinhar o pensamento

E seguir desassombrado

Sob o sol poeirento.

Aos meus pés estala e cede

O duro e feio cascalho

Que circunda o bem cuidado

Edifício onde eu trabalho.

Nesta quente terra goiana

De poucas chuvas sazonais

E tristes árvores retorcidas

Cinco dias por semana

Atuo de forma prática

Junto a outros profissionais

Da infame área de informática.

Percorro as vias de acesso

Do ressequido terminal

Olhando o céu sem vida

Onde não se tem nem sinal

De pássaro cruzando o ar.

E chegando à minha mesa

Dou uma olhada derradeira

Na paisagem outonal

Espero o micro incicializar

Abandono-me à cadeira

E me ponho a trabalhar.