Vagamente...

Eu me lembro de ti tão vagamente,

que mal posso definir tua figura

entre os fantasmas que trago na memória.

Dentro de baús empoeirados

que abro e reviro, pacientemente,

nesta monótona angústia de procura,

vejo a que foi reduzida a minha história,

feita de despedidas e passados

amarelados e roídos pelo tempo.

Eu me lembro de ti tão vagamente

que este amor já nem serve como exemplo

do que um dia foi só felicidade

e aos poucos transformou-se na saudade

que apaga o que resiste em minha mente.

Eu me lembro de ti tão vagamente,

sentindo cada vez mais perto o fim,

porque agora, e só eventualmente,

também lembro, vagamente, até de mim.

Amaury Nicolini
Enviado por Amaury Nicolini em 26/09/2011
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