O zunir do meu olhar
Voa a flecha expelida do meu arco
vazando ondas etéreas, a gravidade
da Terra, rumando para o espaço,
ante as lágrimas que me vertem de saudade.
É meu olhar a penetrar na imensidão,
vagamente, mas com força galopante,
pois que de artéria latejante de emoção
me saiu e sai, nesta lamúria incessante...
Para essa flecha não há alvo a atingir
e seu zunido é contínuo, agudamente...
Não há cessar que a possa dirimir,
já que foste para longe e para sempre...
Como desejo novamente abraçar-te,
açoitar de vez esta agonia de solidão!
Quão feliz seria eu se te alcançasse!
É que tudo em ti me abranda o coração.
Oh! que bom seria, se para mim tu retornasses,
extraindo-me d'alma esta aflição!
O voar da seta esbarraria num baluarte
e, qual pluma, pousaria em minhas mãos.
Imagem: o autor, em foto de 2008.