O zunir do meu olhar  

Voa a flecha expelida do meu arco
vazando ondas etéreas, a gravidade
da Terra, rumando para o espaço,
ante as lágrimas que me vertem de saudade. 

É meu olhar a penetrar na imensidão,
vagamente, mas com força galopante,
pois que de artéria latejante de emoção
me saiu e sai, nesta lamúria incessante... 

Para essa flecha não há alvo a atingir
e seu zunido é contínuo, agudamente...
Não há cessar que a possa dirimir,
já que foste para longe e para sempre... 

Como desejo novamente abraçar-te,
açoitar de vez esta agonia de solidão!
Quão feliz seria eu se te alcançasse!
É que tudo em ti me abranda o coração. 

Oh! que bom seria, se para mim tu retornasses,
extraindo-me d'alma esta aflição!
O voar da seta esbarraria num baluarte

e, qual pluma, pousaria em minhas mãos. 

Imagem: o autor, em foto de 2008.

AURISMAR MAZINHO MONTEIRO
Enviado por AURISMAR MAZINHO MONTEIRO em 23/09/2011
Reeditado em 23/08/2021
Código do texto: T3236819
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