Queimando

Meu sorriso mascara a dor que carrego como pedras em chamas,

Meu olhar tem a perdição de uma alma sem destino na solidão,

Meu coração emudeceu de tanto gritar para o nada horas a fio,

Minha respiração sente o odor de enxofre e brasa queimada,

Sei das marcas em carne viva que deixei por onde estive,

Sei dos julgamentos que foram realizados sem réu presente,

Sei das vinganças planejadas sem sucesso,

Sei que me tomam como um ser sem sentimentos louváveis,

Uso a capa com a qual me vestem e sigo como um corvo na noite,

Fugindo da luz que sempre fere minha visão acostumada ao escuro,

Minhas culpas queimam dentro de mim todos dos dias,

Só eu tenho as respostas silenciosas para perguntas surdas,

E quando tudo parece não mais importar, eu me importo e queimo...

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Minhas angústias seguem o tom da trilha sonora do The Cure,

As melodias dissonantes arranham minhas cicatrizes mal curadas,

Meus punhos explodem blocos de granito com sua raiva incontida,

As cores viraram borrões na aquarela de um pintor sem talento,

Os números não formam pares perfeitos e da imperfeição surgem,

Cada dia, cada manhã, cada noite queima minhas esntranhas,

As memórias me dilaceram o pouco que restou do espírito,

Penso nos merecimentos e castigos atrelados à minha trajetória,

As sombras me abrigam da tempestade que se aproxima,

O cinza se forma no horizonte de nuvens sem minha ajuda,

Apenas observo como Deus joga dados com as vidas humanas,

As escolhas que fiz se deram na impossibilidade de outras escolhas,

E quando tudo perde o sentido, eu ainda procuro redenção e queimo...