O SILÊNCIO DAS PALAVRAS
Oque fazer quando as palavras
Recusam-se a dialogar?
Acaricio a alma delas?
Fico de joelhos,imploro,
Ofereço-me como escrava
De todos os seus anseios?
Ou simplesmente
Convido-as para um passeio?
Se nada disso adiantar
vou espalhar ao mundo inteiro
Tamanha ingratidão!
Todos que ouvir meu eco
E cochichar ao coração
Em sinal de meu protesto
Também mudos ficarão!
Como recusa de tal atitude
Ei de versar sobre o silêncio
Que ora emudece
Sem explicar a razão!
Retiro a mordaça das letras
Encaro a verdade que oprime
Descubro a forma sublime
De acabar com a solidão!
Lá vem elas cantando faceira...
Implorando para serem tocadas
Já não se importam com fineza
Pedem para ser imprimidas
Até mesmo em papel de sobremesa!
Oque vale é persistência
De quem busca fazer as pazes
Tecer a mais pura arte
Nos confins da consciência...
Resmunga uma das sílabas
Ainda ressabiada pelo
Abandono e indelicadeza!