Minha noite
Lá fora a noite brinca de esconder o mundo e mostrar estrelas,
Brinca de fazer silêncio para trazer sonhos e mistérios.
Aqui, comigo, trazida por ela e acomodada dentro de mim
A solidão maliciosamente me chega como se fosse preciso,
Me olha bem dentro dos olhos e apenas diz: Cheguei.
Volto ao tempo em busca de lembranças perdidas
Meu desespero em encontra-las se faz tão forte que a saudade,
Como louca, busca no pensamento até amores que não vivi.
E a noite lá fora continua misteriosamente silenciosa e fria
Como se quizesse me dizer coisas que não quero ouvir,
Como se quizesse me fazer voltar os medos que pensei mortos,
Até as lágrimas se fazem vivas contando histórias antigas
De dores já passadas, de feridas que pensei cicatrizadas,
Tudo fica vazio, sem cor, como se até mesmo a noite
Bincando de macabra magia se fizesse desaparecer.
A solidão se torna viva, cria corpo, se torna densa,
A tristeza, entre as estrelas, brincando de fazer chorar,
Num raio de luar que distraido passava ela se faz passageira
Comodamente deitada sabendo que em mim ela pode morar.
Assim em mim fica a noite, ou na noite eu fico
Olhando para o nada, bucando sonhos que não pude sonhar