TROVÃO DA MEMÓRIA
O dia dorme na sacola do mundo,
como simples entulho extremamente empoeirado,
o trovão cava dogma na fecunda memória,
que explode no molde de sua textura.
A negritude cava em meus poros,
a sonora e estridente epopéia da vida.
O tempo cancela que se encera,
o trovão do sustentável da notoriedade.
Tempo intangível do tempo,
peça que se funde no estampido da vida.
Xerox da consciência verbal,
memória de um trovão sem valia.
Aqui vejo-me na umbral decadência,
na solidão do pó, da noite lancinante,
dormindo de ilusão abrandada,
no trovão da memória convalescida.