Coringa sem baralho

Quisera falar de amor

O siso aconselha calma

Quiçá sou um amador

Temor que trago n’alma

Acho que foi um jogador,

Que posou com essa toga,

Dizendo, que sabe joga,

Quem não sabe bate palma.

Venho aplaudindo há tempo

Retrato do não saber,

Sempre que sopra o vento,

Penso que vai chover,

Tem sido estio mui longo,

Crestando minha seara,

A solidão que me deixara,

Tornou a me reaver.

Se for falar do que vejo,

Serei mero narrador,

O vinho que sacia o desejo,

Diluiu há muito o sabor

E brincar de faz de conta

É posar de espantalho

Um coringa sem baralho,

Só irrita ao jogador.

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 12/08/2011
Código do texto: T3155142
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