Coringa sem baralho
Quisera falar de amor
O siso aconselha calma
Quiçá sou um amador
Temor que trago n’alma
Acho que foi um jogador,
Que posou com essa toga,
Dizendo, que sabe joga,
Quem não sabe bate palma.
Venho aplaudindo há tempo
Retrato do não saber,
Sempre que sopra o vento,
Penso que vai chover,
Tem sido estio mui longo,
Crestando minha seara,
A solidão que me deixara,
Tornou a me reaver.
Se for falar do que vejo,
Serei mero narrador,
O vinho que sacia o desejo,
Diluiu há muito o sabor
E brincar de faz de conta
É posar de espantalho
Um coringa sem baralho,
Só irrita ao jogador.