Últimos a Dormir

Quatro horas da manhã

Os casacos nas poltronas

Os narizes agressivos em travesseiros de algodão

Quatro horas da manhã

Adicionando café no açúcar

E montando um vídeo de palavras no nada

Quatro horas da manhã

Pra que as paredes guardem esse segredo

E o segredo guarde as vítimas dele

Quatro horas da manhã

Pensando em sair de casa

Pensando em sair da rua

Pensando em voltar no tempo

Pensando em parar de pensar nos horários

Quatro horas da manhã

Ensurdecedoras pra quem não gosta de silêncio

Trazem o desejo súbito de se dar

Tiram o sonho de quem não deve se encontrar

Pra quem tem pressa de parar o tempo esperar

São quatro horas da manhã

Empurro com meus pés

Tentando impedir que o hoje me encoste

Mas o sol sempre me alcança

Com suas quatro patas

Óli
Enviado por Óli em 09/08/2011
Código do texto: T3149178