::: QUANDO O POETA MORRE :::
Destilo a minha alma no vinho da putrefação da angustia
E me afogo no cálice da solidão que há no meu peito.
Meus olhos marejados com o brilho prata do luar
Tornaram-se o vitupério da dorida esperança.
Meus ombros carregam em sua sutileza
A cognição que o mundo me incumbe.
Estou farto, cansado e incrédulo...
Noite suntuosa em que despejo pelos degraus da vida
O emaranhado de palavras presas no meu coração.
Isso é o que eu tenho repetidamente!
Palavras presas no meu coração a cada noite funesta...
Deitado sobre a face do deserto que existe em mim
Eu tento plantar sementes de alegria, mas não dá...
Não há chuva e as águas que banham o meu verso são salgadas,
Assim são as águas do meu pranto, minhas lágrimas.
Eu sinto no peito o sangue da guerra e morro de solidão.
Martelo com os dedos o piano desafinado
E assim eu vejo o como nos tornamos tão parecidos.
O piano e eu, dois amantes abandonados,
Dois artistas esquecidos, dois amores jamais tocados.
Não tem música e não tem romance.
Para o piano não há musico que o dê destreza
E para mim não há musa que me inspire...