Devassidão
Volta-te a mim como um eterno fantasma,
acorrentado à minh'alma como uma âncora de ferro,
afunda-me no oceano de desolação, solidão e dor,
para rir sobre os escombros de sua vingança inglória,
alternando de cama em cama como alguém sem noção,
verte sobre vós a piedade dos que de longe à assistem,
caindo na degradação de si mesma ao achar-se tão vitoriosa,
és apenas uma réles sombra do que já fostes um dia...
Volta-te a mim como um vento congelante,
que adentra meu espírito dilacerando meus sentimentos,
machuca-me no prazer de sua luxúria incandescente,
agindo como uma caminhante perdida em um prostíbulo,
abandona sua honra e sua sedução torna-se artigo barato,
assumindo para si a máscara de uma dama de um cabaré decadente,
forçando um sorriso farsante nas verdades que bradas em público,
tornando-se uma estranha à quem lançam moedas em reparação...
Volta-te a mim como a escuridão que um dia já foi luz,
revelando a sordidez de uma devassidão sem princípios,
destruindo qualquer aura de admiração outrora vigente,
arranha-me o rosto com uma navalha de veneno,
desejando pisar sobre meu sepulcro na convalescência de seu ser,
agonizando em sua própria inssurreição de afétos disperdiçados,
busca parceiros para um amanhecer quando o sol nunca lhe encontra,
cega que estás em seu pequeno-mundo burguês de aparências...