Devassidão

Volta-te a mim como um eterno fantasma,

acorrentado à minh'alma como uma âncora de ferro,

afunda-me no oceano de desolação, solidão e dor,

para rir sobre os escombros de sua vingança inglória,

alternando de cama em cama como alguém sem noção,

verte sobre vós a piedade dos que de longe à assistem,

caindo na degradação de si mesma ao achar-se tão vitoriosa,

és apenas uma réles sombra do que já fostes um dia...

Volta-te a mim como um vento congelante,

que adentra meu espírito dilacerando meus sentimentos,

machuca-me no prazer de sua luxúria incandescente,

agindo como uma caminhante perdida em um prostíbulo,

abandona sua honra e sua sedução torna-se artigo barato,

assumindo para si a máscara de uma dama de um cabaré decadente,

forçando um sorriso farsante nas verdades que bradas em público,

tornando-se uma estranha à quem lançam moedas em reparação...

Volta-te a mim como a escuridão que um dia já foi luz,

revelando a sordidez de uma devassidão sem princípios,

destruindo qualquer aura de admiração outrora vigente,

arranha-me o rosto com uma navalha de veneno,

desejando pisar sobre meu sepulcro na convalescência de seu ser,

agonizando em sua própria inssurreição de afétos disperdiçados,

busca parceiros para um amanhecer quando o sol nunca lhe encontra,

cega que estás em seu pequeno-mundo burguês de aparências...

Andretti
Enviado por Andretti em 28/07/2011
Código do texto: T3123344
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