ARMADILHA PARA O AMOR
Invoco todos os sentimentos mal resolvidos,
preparo uma armadilha e fico a espreita.
Eis o amor não correspondido que vem:
Desprendido, sorrateiro, feliz a sua maneira.
Imediatamente o tele transporto à um livro:
Sem orelhas e sem marcador de páginas,
não haverá meios de ele escapar correndo.
Ao menos se ele for secular, um dia haverá
a tão almejada liberdade do amor em folhas
soltas, quem sabe por outra poetisa colhida.
Enquanto eu viver, ficarás imerso no livro,
ficarás preso, graças ao motim articulado,
graças as preces ouvidas no confessionário.
Estarei livre, mas em troca sem ambições.
É o preço que eu pago por ter transgredido,
o que não me cabia nessa vida desmedida.
Pois que assim seja: Aceito a penitência:
Você, dormente no livro. Eternamente...
Eu, com o cadeado na mão. Demente!
Sem coragem de libertá-lo para a vida.
Que morramos ambos como indigentes.