Agora
Que o tempo se comprime
No solidez áspera
Deste monolito vida
Quero chamar-te
Mas não posso...
A voz que lanço, revoada
Morre, é solene nada
Antes de roçar-te a alma nua.
Agora
A piedade que te neguei
Desespero da ira
Os ataques que engendrei
Tal fera marcada em maldição
Arranca-me a pele
Corta-me os pulsos
Esvaio-me em sangue
E solidão.
Agora
Nem o mais sincero perdão
Reerguerá as pontes derribadas
Entre o meu e o teu
Coração.
Agora
Vejo-te em tudo e calo teu nome
Na boca ansiosa por beijar-te...
Quem me dera reverter mentiras
Gritar o parto da nossa nova Aliança
Ah! Quem me dera saber dançar
A infinita dança...
Agora
Amor que se foi e se esgarçou
Pelo ar gelado, fumaça incolor
Sei que não voltas
Estás curada
Do mal que em mim se alastrou.
Agora
Eu
Que nem sequer mais choro
Porque talvez não sou...
Sonho o teu sorriso
Noutra vida
Agora
Que toda vida me deixou.