Das horas perdidas
Vejo as horas perdendo os relógios,
correndo adiante de outros tempos distantes.
E se nada jamais será como antes,
o que passou é passado.
O presente foi anulado
e o futuro já não me pertence.
Seja quem for, pense o que pense,
não ouço conselhos que descambam em vazios.
E de todas as minhas esperas
naquelas horas de outras primaveras,
afogo as lembranças desse inverno
na ilusão perene dos tantos desvios.
Solidão não há mais.
O tempo é capaz.
Perdi minhas horas,
mas não os meus brios.