INEXATOS
Nada me parece eterno,
Nem o fel, nem o inferno,
Nem o espectro na calçada,
Nem o dia da inútil chegada.
Nada me parece só felicidade,
Nem o sorriso, nem a enfermidade.
Nada me parece ousado,
Quando nada há na extremidade.
Nada me parece sóbrio,
Nem a areia, nem o semblante,
Nem a vida sutil,
Nem o grande navio.
Nada nem tudo
Parece-me sereno,
Quando vento há no celeiro,
Quando teias se tecem ferozes.
Nada me parece abstrato,
Nem o fruto, nem o ramo,
Nem o suco, nem o sofrer.
Nada é nada no tudo.
Tudo é tudo no nada.
Nada me parece exato
Quando há dias inexatos...