INEXATOS

Nada me parece eterno,

Nem o fel, nem o inferno,

Nem o espectro na calçada,

Nem o dia da inútil chegada.

Nada me parece só felicidade,

Nem o sorriso, nem a enfermidade.

Nada me parece ousado,

Quando nada há na extremidade.

Nada me parece sóbrio,

Nem a areia, nem o semblante,

Nem a vida sutil,

Nem o grande navio.

Nada nem tudo

Parece-me sereno,

Quando vento há no celeiro,

Quando teias se tecem ferozes.

Nada me parece abstrato,

Nem o fruto, nem o ramo,

Nem o suco, nem o sofrer.

Nada é nada no tudo.

Tudo é tudo no nada.

Nada me parece exato

Quando há dias inexatos...

Castro Antares
Enviado por Castro Antares em 29/06/2011
Código do texto: T3064248
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