DEMÊNCIA

A espera é longa.

O cantor fala de amor.

Os casais bebericam para matar a sede, neste sol que resseca a garganta e faz transpirar.

A alegria das pessoas que passam e repassam não a atinge.

Neste momento encontra-se como estranha, envolvida em sua redoma.

Estática, silenciosa, sentindo sua respiração, o sangue pulsa em suas veias, deixa-se ficar...

Nada a abala...

Alguém balbucia algumas palavras, ela olha, e balançando a cabeça, diz não...

Não, não quer sair da sua cobertura, daquele transe em que ela colocou-se neste momento, sente-se imposta neste mundo.

É como se procurasse algo que a torne viva, e não consegue:

simplesmente está em outra dimensão.

As horas passam e a angústia aos poucos vai tomando conta.

Quisera ser igual a todos, porém, não consegue.

Seu destino está traçado, não consegue ser feliz.

Será que poderá mudar?

Ficar parada, deixando-se levar.

Toda a sua vida é dessa maneira.

Icoaraci, 16h20

Angela Pastana
Enviado por Angela Pastana em 25/06/2011
Código do texto: T3055879
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