DEMÊNCIA
A espera é longa.
O cantor fala de amor.
Os casais bebericam para matar a sede, neste sol que resseca a garganta e faz transpirar.
A alegria das pessoas que passam e repassam não a atinge.
Neste momento encontra-se como estranha, envolvida em sua redoma.
Estática, silenciosa, sentindo sua respiração, o sangue pulsa em suas veias, deixa-se ficar...
Nada a abala...
Alguém balbucia algumas palavras, ela olha, e balançando a cabeça, diz não...
Não, não quer sair da sua cobertura, daquele transe em que ela colocou-se neste momento, sente-se imposta neste mundo.
É como se procurasse algo que a torne viva, e não consegue:
simplesmente está em outra dimensão.
As horas passam e a angústia aos poucos vai tomando conta.
Quisera ser igual a todos, porém, não consegue.
Seu destino está traçado, não consegue ser feliz.
Será que poderá mudar?
Ficar parada, deixando-se levar.
Toda a sua vida é dessa maneira.
Icoaraci, 16h20